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segunda-feira, 11 de março de 2013

Instinto Animal



Homens são leões famintos, 
Carniceiros, devassos, 
libertinos. 
Homens busca o prazer e a
Servidão.
São cruéis,
Sanguinários, sedentos
Por carne.
Leões vestidos de cordeiros,
Pronto para atrair sua presa e 
dilacerá-lá.
Feito.
Acendi um cigarro, 
um copo de tequila,
Relaxa, vira e sonha.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Emplasto


                                             Emplasto

Eu a conheci em um shopping no centro. Era alta, loira, olhos verdes Mar, cabelos compridos encaracolados e sedosos, pele de porcelana, esbelta, charmosa, cintura fina e busto farto.  Trazia em seu Ar, algo como se o solo onde pisava não a merecesse. Cabeça erguida e rebolado envolvente. Todos a percebiam, inclusive eu. Entrou em uma loja de sapato e eu fiquei a olhá-la  cá de fora. Algo tomou conta do meu ser. Fiquei hipnotizado por tão espontânea beleza, era a pura perfeição da natureza. Apenas em vê-la para mim, já era o bastante para realizar todos as fantasias que passava em minha cabeça. Mas Como chegar perto de uma Deusa daquelas? Como poderia eu, um simples humano ter o deleite de possuir tão maravilhosa companhia divina. Para mim, a pura perfeição se resumia naquela figura extraordinária, uma mulher com os traços  graciosos, mais combinatórios com lábios carnudos que mais parecia a figura de um coração, com a leveza suave das formas que entornam desde o rosto até os lindos pés.
Contudo eu tinha que tentar me aproximar dela, era preciso tentar ou então nada mais valeria a pena nessa vida.  Pensei como chegaria. Abordar uma mulher daquelas requer muita mais arte que ciência.  Esperei-a sair da loja e quando por mim passava pedi uma informação. Ela me explicou o que pedi sem olhar nos meus olhos e com um pouco de desdém  comigo e nessa hora eu pensei que seria mais difícil que imaginara. Depois a chamei para tomar um café, ela subitamente me olhou e, sem questionar aceitou o meu convite. 
É interessante como nós transformamos algo possivelmente simples em um monstro horrível.
 Fomos à praça de alimentação e pedi dois expressos. Sentamos na mesinha e puxei assunto perguntando seu nome e onde morava. Ela iniciou algo parecido como um extenso prólogo de sua vida. Dizia ela:
- sou modelo, já participei de vários programas de televisão, tenho muitos pretendentes ricos que posso tê- los quando quiser, etc. 
Falou de carros bonitos, jóias, sapatos, viagens ao exterior, roupas de grifes, de biquínis pequeninos que ficavam bem desenhados no seu corpo e por aí vai. Falava, falava, e falava, coisas tão supérfluas que eu perdi toda a minha feição. Depois de meia hora de conversa com aquela mulher,  percebi que  para mim, sua beleza não mais era tão única como achava minutos  antes, apesar de ainda querer levá- la para casa e depois de uma noite em claros com ela, terminar o que fui fazer e nunca mais voltar a vê- la. 
Enquanto ela falava de coisas banais eu só afirmava ou negava com a cabeça, dependendo do que eu achava que ia me favorecer no meu plano. 
Tudo que planejei, enquanto a bela moça falava coisas tão vagas e sem sentidos, que  eu já não estava para aquentar mais, Chegava  a me dar náuseas  aquele falatório sem nexo e, como um herói de guerra que passa por privações eu agüentei firmemente.
Ela olhou o relógio e disse que já estava tarde, Eu chamei para ir jantar em minha casa e ela logo aceitou.  Pedi uma pizza e comemos. Depois da pizza e já com alguns copos de vinho na cabeça, a levei para o quarto. 
 No dia seguinte, eu disse que precisava trabalhar e que ela deixasse a chave debaixo do tapete quando saísse. Ela disse tudo bem e que precisava trabalhar também e, se eu quisesse ela voltaria à noite. Então eu pensei se realmente valia a pena, olhando aquela linda mulher deitada em minha cama que quando calada era a mais bela poesia  ou a própria Afrodite. Pensei se  valia a pena aquentar como um mártir, tanta asneira pela sua beleza. Então, refleti calado enquanto ela esperava minha resposta, pensei até quando eu aguentaria a ladainha daquela mulher e, cheguei a conclusão que ia ainda usufruir um pouco mais antes de descartá-la. 

Embriaguem-se


                                                      

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo
horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem
descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão
morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao
vento, à vega, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que
gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o
pássaro, o relógio responderão: “É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos
martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso” Com vinho, poesia ou
virtude, a escolher”.

Charles Baudelaire
Extraído do site Nox in Vitro