Um homem caminha solitário por uma estrada sem vislumbre
nenhum. Não há vivacidade em seus olhos, em seus passos em perceber as vazias
vidas que por ele passam.
Para ele o silencio é
a única atitude que realmente expressa o profundo sentido da filosofia. E a
filosofia trouxe a sua vida clarividência e consequentemente sofrimentos.
Era tarde, caia uma fina garoa que não molha, mas também não
desencharca a Alma de um dia Cinzento. Mesmo assim, caminha sem se importar, já que
caminhar é um exercício que aliena um pouco o tédio da vida.
Anda sem rumo certo e reflete sobre tudo e todos que o
cerca. Pessoas caladas, possuem Espíritos inquietos.
Entra em um Bar e se acomoda em um lugar um pouco escuro.
Pede uma garrafa de uísque e fica a contemplar o ambiente.
Para esse misto de profeta, peregrino e filósofo, a natureza
não é perfeita como pregam. O ser humano é produto do seu meio. E, por isso,
todos tentam, ao máximo a busca pelo prazer da vida, mas se enganam, pois essa
busca consiste na tentativa de uma fuga da própria vida. A alienação é o mais
forte dos deuses. E, é assim que ele faz dos seus pensamentos às palavras de Schopenhauer:
"se Deus criou este mundo, não queria ser esse Deus,
pois as dores do mundo dilacerariam seu coração".
Como afirmar que a felicidade existe, se estamos toda hora à pensar na morte? Não se pode dizer que se é feliz, pois a vida não
existe, o que existe é a morte. É da morte que nos são emprestadas nossas
vidas, nossas pobres vidas.
E a vida é uma batalha. Uma batalha que surge com o primeiro
sopro. Assim como, é percorrida por labirintos e sonhos que não passam de
ilusões. Todos os profetas foram loucos
ou sádicos, pois os ideais são todos
pautados em hipocrisias e o homem não merece o sangue de um Deus.
Só as pétalas das flores falam a linguagem da natureza pois
são perfeitas, até o floricultor matá-las e vende-las mortas para noivos vivos
e apaixonados. Sem temor algum das futuras gerações, o labirinto da vida se
desenvolve, causando choques e mais choques, fabricados para fragmentar, e dividir
com o propósito de conquistar; e, tudo sem o conhecimento da massa faminta que
faz parte ingenuamente desse circo de horror.
Sentado na mesa de um bar ele pensa em todos rindo e
brindando suas miseráveis vidas.
Enquanto celebram seus velórios, estão sendo maquinalmente manipulados por uma pequena parcela dos donos do mundo.
Mundo que também não são deles sem saber.
A vida é uma causa
perdida.
O caminhante já embriagado desta vida levanta-se e segue seu destino. Caminha em
direção ao mistério hediondo da vida,
que só na morte poderá haver uma explicação. Se não, o nada o espera e, isso o
conforta.