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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

textos e poemas necessários por natureza

                       Eu sou mefistófeles

Eu sou Mefistófeles. Mefistófoles!
É, o diabo e todos vocês são Faustos. Faustos, os que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade nesse mundo vão, tudo é tristeza, tudo é pó é nada, quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços mas eu não sou exatamente o que vocês pensam, eu não sou exatamente o que as igrejas pensam, as igrejas abobinam me.
Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele é o sol eu sou a lua, a minha luz paira tudo quanto é futil, margens de rio, pantanos, sombras.
Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida?
Figura que te daria toda a felicidade, figura que te beijaria indeferidamente.
Era eu, sou eu. Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderás achar.
Os problemas que atormentam os homens são os mesmos problemas que atormentam os deuses.

Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem, através de uma rasa e vã mediocridade que é o que vocês merecem.
As suas bem humanas insasiabilidade teram lábios, manjares, bebidas... É difícil encontrar quem não queira vender a sua alma ao diabo.



As últimas palavras de Goethe, ao morrer, foram: "Luz... Luz, mais luz!"
Sobre o autor:
Goethe (1749-1832) foi um escritor alemão e pensador que também incursionou pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. As últimas palavras de Goethe, ao morrer, foram: "Luz... Luz, mais luz!

Mudou como?


Tudo mudou. Homens, coisas e animais mudaram de lã ou de pele. As palavras já não são as mesmas do tempo em que estudávamos gramática com os olhos míopes das professoras. Nádegas e pernas das mestras – objeto direto do nosso desejo – ofuscavam o interesse pela didática. Olho o mundo de todos os ângulos possíveis e tudo me parece oblíquo. É a civilização globalizada, a cultura de massa, a sagração do factóide, a fragmentação dos idiomas. Corta-se a palavra em frações microscópicas. A vida, o amor, a morte, a realidade:
tudo agora virou fast food.

Sobre o autor:
Cearense, Francisco Carvalho nasceu em 1927 em São Bernardo das Russas, interior do Ceará. Poeta e ensaísta, é conhecido por seu valor literário e reverenciado pelos mais diversos críticos do país.


                  Devagar, o tempo transforma tudo em tempo

DEVAGAR, O TEMPO TRANSFORMA TUDO EM TEMPO. O ÓDIO TRANSFORMA-SE EM TEMPO. O AMOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO. A DOR TRANSFORMA-SE EM TEMPO. OS ASSUNTOS QUE JULGAMOS MAIS PROFUNDOS, MAIS IMPOSSÍVEIS, MAIS PERMANENTES E IMUTÁVEIS, TRANSFORMAM-SE DEVAGAR EM TEMPO. MAS, POR SI SÓ, O TEMPO NÃO É NADA, A IDADE NÃO É NADA, A ETERNIDADE NÃO EXISTE.

Sobre o autor:José Luís Peixoto é um escritor e dramaturgo português.


                       Não basta fugir
NÃO BASTA FUGIR. É PRECISO FUGIR NO BOM SENTIDO. FUGIR DO TÉDIO, DA FOME, DA GUERRA!... NÃO SE DEVE FUGIR EXCENTRICAMENTE. É PRECISO FUGIR CONCENTRICAMENTE. FUGIR O MUNDO, PARA PODER REINVENTÁ-LO UM DIA. QUEM SABE, MAIOR, MAIS VERDADEIRO, MAIS ESSENCIAL, MAIS JUSTO.

Sobre o autor:Charles Ferdinand Ramuz (1878-1947) foi um romancista suíço de "expressão francesa". A importância de sua obra, que "torce o pescoço da sintaxe", é fazer da língua a ferramenta obediente que melhor servirá a vontade do artista. Volumes, cores e movimento dão um caráter pictórico e cinematográfico em suas obras.

Mudou como?

Autor: Francisco Carvalho

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